No passado dia 20 de maio decorreram junto ao Parque Eólico de Vila Nova, no Município de Miranda do Corvo, os ensaios de campo coordenados pela equipa do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais, da ADAI.
O projeto House Refuge foi parte integrante da organização destes ensaios que contaram com a presença de cerca de 80 investigadores de várias unidades de investigação nacionais, tendo sido apoiados por três equipas de bombeiros e três viaturas florestais de combate a incêndios.
Foram realizados ensaios com fogo em 10 parcelas de terreno da Serra da Lousã, no âmbito de vários projetos nacionais e internacionais na temática do fogo, explorando vastas aplicações que foram desde à utilização de meios aéreos não tripulados para caracterização do fogo, meios de supressão automáticos no terreno e no ar, sistemas de proteção de habitações, estudos de interferência do fogo na rede de comunicações, análise da emissão e dispersão de fumos, sistemas de georreferenciação do fogo através do telemóvel, análise do comportamento extremo do fogo, impacto do fogo em bilhas de gás e sistemas para a sua proteção, entre outros.
Enquadrado com o Projeto House Refuge, um dos ensaios consistiu na queima de uma parcela com grande carga de combustível florestal, que tinha instalada uma pequena casa que foi exposta a um elevado fluxo de calor originado pela frente de chama. A faixa de separação entre os combustíveis a casa foi de 50cm.
A casa usada no ensaio foi o modelo Mirama, adquirida no Leroy Merlin, em madeira, com área de 6m2 (2,83mx2,72m) e altura máxima de 2,10m. À estrutura original da casa foi acrescentado um telhado com telha lusa sobre placas de roofmate. Foram ainda instaladas duas janelas com caixilharia em alumínio, duas janelas com caixilharia em madeira, uma porta em alumínio e dois ventiladores em plástico. As paredes da casa foram protegidas do fogo com placas de silicato de cálcio.
Estes ensaios tiveram dois propósitos fundamentais: 1) análise da reação da porta, janelas e ventiladores àquele fluxo de calor – verificou-se uma clara deformação do material, a quebra de três vidros e o derretimento dos ventiladores; e 2) penetração de fagulhas na casa através do telhado e dos ventiladores – verificou-se que o roofmate foi atacado por fagulhas, mas o mesmo não se verificou nos ventiladores devido à direção desfavorável do vento dominante.